quarta-feira, abril 19, 2006

Trânsito


Sinal vermelho. O motorista do carro de trás aguardava ansioso pela luz verde que o libertaria daquele inferno. O sincronismo entre a buzina do carro e a mudança de cores do sinal foi perfeito, como se fossem interligados em um único dispositivo. O motorista desenvolveu uma habilidade sobrenatural de buzinar ao mesmo tempo em que o sinal abre. Eu poderia até jurar que ele buzinou centésimos de segundos antes do sinal abrir! Lá estava eu, uma lesma, atrapalhando a passagem daquela pobre pessoa e atrasando o trajeto dele em mais ou menos 1 segundo!
Essa e outras situações de extremo estresse fazem parte do cotidiano de todos que enfrentam diariamente as loucuras do trânsito de uma grande cidade.
Lembro-me de um desenho do pateta, no qual ele é um pacato cidadão, mas que quando entra no carro se transforma em um monstro.
Assim somos nós. É impressionante como um simples meio de transporte tem o poder de revelar traços obscuros de nossa personalidade, transformando-se em uma “máquina da verdade”.
Acho que o volante remete o homem as suas origens selvagens, trazendo a tona instintos quase esquecidos.
O fato é que o trânsito revela o grau de desenvolvimento de uma sociedade. E a nossa, diga-se de passagem, não anda nada bem das pernas, quem dirá de carro...

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